quarta-feira, 6 de maio de 2015

4:20 Legalize?



Nessa semana faremos um post de interesse global, e bastante polêmico...

Vamos tratar de uma Política Social holandesa e uruguaia, fazendo uma comparação com o que vem acontecendo no Brasil.

Holanda

Possui uma política que é muito criticada por permitir o uso de Maconha.

Pra começar, o uso não é permitido em público, apenas nos coffeeshops de Amsterdã. Além disso, existem limites máximo para o porte e cultivo e uma idade mínima (18) para a compra. Eles tem uma tolerância especial para as drogas consideradas "leves", mas dê uma olhada nas leis de drogas em Amsterdã:

  • A posse de drogas é punível, no caso da cannabis, o limite é de 5g. Se a pessoa simplesmente entregar a droga, não será processada;
  • Caso a quantidade de droga supere 5g (quantidade para uso próprio), a pessoa será multada e correrá risco de uma sentença de prisão;
  • Menores de idade (18) não podem possuir drogas, a tolerância não se aplica a eles;
  • Cultivar em casa é ilegal, mas 5 plantas ou menos pode ser entregue sem muitos riscos de ser processado;
  • Drogas pesadas não são permitidas;
  • Importação e exportação de drogas é ilegal;
  • Não se pode fumar em público, nem usar drogas leves, a menos em coffeeshops.


E o que são coffeshops


É o local em que a Maconha é vendida e consumida. Lá não se pode ter nenhuma propaganda que possa identificar o coffeeshop, e os coffeeshops oficiais da Holanda possuem uma licença que deve ficar colada na janela (weedpass). Para entrar, é necessário apresentar documento que comprove idade superior a 18 anos. Lá não é permitido a venda de álcool e o consumo de tabaco é proibido dentro do estabelecimento.




Mas como a Maconha age?



Maconha é o nome dado no Brasil ao vegetal Cannabis sativa. A planta produz mais de 400 substâncias químicas que interferem na fisiologia humana, uma delas é o THC (tetrahidrocanabinol) que é a principal responsável pelos efeitos da maconha. Tais efeitos dependem de vários fatores, como quantidade, potência da fumaça inalada em termos de THC, personalidade, influência do meio onde se fuma e se esperam certas sensações.


A ação do THC no sistema nervoso central se traduz pela fixação sobre os receptores canabinóides presentes no cerebelo, hipocampo e córtex, que pertencem à família da proteína G . 

Depois da inalação da fumaça, os compostos voláteis da maconha chegam rapidamente à corrente sanguínea por meio dos alvéolos pulmonares e logo produzem efeitos. Alguns dos efeitos fisiológicos prejudiciais são: mudanças no funcionamento dos processos cerebrais (produz atrofia cerebral), prejudica o metabolismo, atrapalha a formação de DNA e RNA, proteínas que são indispensáveis às divisões celulares. Mas pesquisas também estão sendo feitas para comprovar a eficácia desse composto na ajuda contra doenças neurológicas.

Leia mais no blog dos nossos colegas! Só clicar aí: Doping Universitário


URUGUAI


Em 2013, o país se tornou o primeiro país do mundo a legalizar a produção, a distribuição e venda de maconha sob controle do Estado. Com isso, o governo tem como objetivo tirar o poder do narcotráfico e diminuir a dependência dos uruguaios de drogas mais pesadas.


Pela lei, o Estado assume o controle e a regulação das atividades de importação, produção, aquisição, a qualquer título, armazenamento, comercialização e distribuição de maconha ou de seus derivados.


Todos os uruguaios ou residentes no país, maiores de 18 anos, que tenham se registrado como consumidores para o uso recreativo ou medicinal da maconha poderão comprar a erva em farmácias autorizadas

Mas não é assim tão liberal quanto vocês podem estar pensando... O acesso é por 2 vias: autocultivo pessoal (até seis pés de maconha e até 480 gramas por colheita por ano)  e clubes de culturas (com um mínimo de 15 membros e um máximo de 45 e um número proporcional de pés de maconha com um máximo de 99). A lei limita a quantidade máxima que um usuário pode portar: 40 gramas. A legislação também determina o máximo que uma pessoa pode gastar por mês com o consumo do produto.

Segundo o governo, a medida não ampliará o mercado de maconha: a lei simplesmente regulariza o uso para não incentivar o consumo. Mas sempre há oposição e a medida é, até hoje, polêmica...


Enquanto isso, no Brasil...


A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) decidiu, em janeiro deste ano, pela retirada do Canabidiol (CBD) da lista de substâncias proibidas no Brasil.  O uso compassivo foi autorizado pelo Conselho Federal de Medicina para crianças e adolescentes portadores de epilepsias refratárias aos tratamentos convencionais.

Mas, ainda é vedada a prescrição da cannabis in natura para uso medicinal, bem como quaisquer outros derivados, informando também que o grau de pureza da substância e sua apresentação devem seguir os critérios da Anvisa.


Com a decisão da Anvisa, as empresas interessadas poderão produzir e vender derivados de canabidiol após a obtenção de um registro da agência. A aquisição do produto, segundo o órgão, deverá ocorrer de forma controlada, com a exigência de receita médica de duas vias.

Ainda não há evidências científicas que comprovem que os canabinóides são totalmente seguros e eficazes no tratamento de casos de epilepsia, logo a prescrição deve ser feita de modo compassivo, ou seja, o medicamento não é registrado e apenas podem ser prescritos para pacientes com doenças graves e sem alternativa terapêutica satisfatória com produtos registrados no país.

Mas há muito ainda para se falar de legalização no nosso país: na avaliação da presidente Dilma, não cabe a legalização da maconha no Brasil porque é um país onde existe o crime organizado e as principais drogas são o crack e a cocaína. Para a presidente, a "pauta" não é a legalização, mas, sim, o combate ao tráfico e o tratamento de viciados, além da prevenção.


CUIDADO!

É um assunto muito polêmico, e é preciso que muitos repensem até que ponto dar um "tapa" é inofensivo... Mas pensar na maconha como alternativa de tratamentos também é importante.

Esperamos que tenham gostado do post e comente a sua opinião sobre a Legalização da Maconha no Brasil! 

Até a próxima :)



Fontes:

  • AMSTERDAM GUIDE. Amsterdam Coffee shops Guide. 2015. Disponível em: <http://www.amsterdam.info/coffeeshops/>. Acesso em: 11 maio 2015.
  • TOXICOLOGIA (Intoxicação Por Drogas de Abuso). Maconha: Mecanismo de ação. Disponível em: <http://ltc.nutes.ufrj.br/toxicologia/mVIII.maco.htm>. Acesso em: 11 maio 2015.
  • SILOCCHI, Bianca Antunes; OLIVEIRA, Fabiola Aparecida de. Efeitos Fisiológicos da Maconha. Centro Universitário Luterano de Ji-Paraná – Ceulji/Ulbra.
  • BRASIL. AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA - ANVISA. . Canabidiol é reclassificado como substância controlada. 2015. Disponível em: <http://portal.anvisa.gov.br/wps/content/anvisa+portal/anvisa/sala+de+imprensa/menu+-+noticias+anos/2015/canabidiol+e+reclassificado+como+substancia+controlada>. Acesso em: 11 maio 2015.
  • CONSELHO FEDERAL DA MEDICINA. CFM regulamenta o uso compassivo do canabidiol para crianças e adolescentes com epilepsias refratárias aos tratamentos convencionais. 2014. Disponível em: <http://portal.cfm.org.br/canabidiol/>. Acesso em: 11 maio 2015.
  • BBC BRASIL. Uruguai aprova legalização do cultivo e venda da maconha. 2013. G1. Disponível em: <http://g1.globo.com/mundo/noticia/2013/12/uruguai-aprova-legalizacao-do-cultivo-e-venda-da-maconha.html>. Acesso em: 11 maio 2015.

7 comentários:

  1. Grupo H
    O uso de derivados da cannabis é ainda marginalizado, tanto socialmente quanto cientificamente, principalmente devido a dificuldade na sua utilização terapêutica sem os efeitos alucinógenos. Porém pesquisas vem mostrando que isso não é apenas possível e viável, mas uma realidade. Os efeitos analgésicos da maconha são provocados pelo THC quando age sobre o canal iônico GlyR, um receptor do aminoácido neurotransmissor glicina. Conhecendo esse mecanismo, um grupo de pesquisadores foi capaz de desenhar substâncias análogas ao THC que se ligam ao GlyR, mas não aumentam a atividade dos receptores de canabióides, evitanto assim os efeitos alucinógenos.

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  2. Parafraseando Paracelso, tudo na natureza é tóxico. A diferença entre o veneno e o remédio é a dose. É muito importante termos o maior número possível de opções terapêuticas para tratar as diversas doenças. E, sabendo que cada paciente é único, o tratamento que se aplica a um pode não ser o melhor para outro. Assim ocorre com as epilepsias de difícil controle: as drogas convencionais e tratamentos nutricionais não têm efeito satisfatório. Nesses casos, o THC tem se mostrado uma alternativa viável, principalmente quando pesamos seus efeitos colaterais com os benefícios do tratamento.

    O principal benefício do uso do THC para as epilepsias é a inibição dos canais L de Ca2+, que faz com que os impulsos nervosos síncronos anormais que causam as convulsões sejam reduzidos. Entretanto, como não há estudos conclusivos sobre a segurança de seu uso, devem ser preferidos os tratamentos convencionais nos casos em que o uso destes é satisfatório.

    FONTES:
    BRUNTON, Laurence L.; CHABNER, Bruce A.; KNOLLMANN, Björn C [organizadores]. As bases farmacológicas da terapêutica de Goodman & Gilman. 12ª edição. Porto Alegre: AMGH, 2012.

    MedicinaNet

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  3. GRUPO L

    Bastante relevante a postagem! A guerra contra essa planta foi motivada muito mais por fatores raciais, econômicos, políticos e morais do que por argumentos científicos. E algumas dessas razões são inconfessáveis. Tem a ver com o preconceito contra árabes, chineses, mexicanos e negros, usuários freqüentes de maconha no começo do século XX. Deve muito aos interesses de indústrias poderosas dos anos 20, que vendiam tecidos sintéticos e papel e queriam se livrar de um concorrente, o cânhamo. Tem raízes também na bem-sucedida estratégia de dominação dos Estados Unidos sobre o planeta. E, é claro, guarda relação com o moralismo judaico-cristão (e principalmente protestante-puritano), que não aceita a idéia do prazer sem merecimento.

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  4. GRUPO L

    Bastante relevante a postagem! A guerra contra essa planta foi motivada muito mais por fatores raciais, econômicos, políticos e morais do que por argumentos científicos. E algumas dessas razões são inconfessáveis. Tem a ver com o preconceito contra árabes, chineses, mexicanos e negros, usuários freqüentes de maconha no começo do século XX. Deve muito aos interesses de indústrias poderosas dos anos 20, que vendiam tecidos sintéticos e papel e queriam se livrar de um concorrente, o cânhamo. Tem raízes também na bem-sucedida estratégia de dominação dos Estados Unidos sobre o planeta. E, é claro, guarda relação com o moralismo judaico-cristão (e principalmente protestante-puritano), que não aceita a idéia do prazer sem merecimento.

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  5. Este comentário foi removido pelo autor.

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  6. GRUPO M
    A polêmica que envolve a legalização da maconha vai muito além do que podemos imaginar... Sabemos que algumas das substâncias contidas na maconha tem efeitos positivos no uso medicinal, atuando inclusive como antidepressivos e antiepiléticos. Os argumentos contra a legalização incluem o agravamento de quadros depressivos e psicóticos em pacientes que sofrem de esquizofrenia e o aumento de adolescentes usuários de drogas, pois como o usuário da droga não será punido, o jovem consumidor também não será. Ana Cecília Marques, médica psiquiatra da Unidade de Álcool e Drogas (UNIAD), da Universidade Federal de São Paulo, ressalta que “A maconha não é medicinal. São medicinais algumas substâncias extraídas dela, e isso se sabe há cerca de 40 anos, como o canabidiol, um medicamento usado para casos de ansiedade, glaucoma, anorexia, vômitos e convulsões.” Porém há quem se posiciona à favor e um dos argumentos seria que a legalização diminuiria o número de vítimas do tráfico. O fundador do Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas (Cebrid), da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Elisaldo Carlini, afirma que a maconha não gera agressividade nem esquizofrenia e que as pessoas que fazem uso desses cigarros acabam ficando mais calmas e menos depressivas.
    Referências
    http://pre.univesp.br/maconha-a-polemica-da-legalizacao#.VWkMNdJViko

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  7. Olá galera!
    Esse é um assunto realmente polêmico! Mas apesar das propriedades psicotrópicas, a Cannabis sativa, apresenta um grande potencial terapêutico com múltiplas ações, dentre elas analgésica, antiinflamatória, antiepiléptica e estimulante do apetite.
    Dentre essas aplicações, destaca-se, o uso farmacológico da planta como anticonvulsivante ou antiepiléptica, com o propósito de evitar crises e consequências graves de epilepsia.
    Um ponto importante que mostra a eficácia da maconha no tratamento antiepiléptico é justamente devido ao seu controle de espasmos, pois um dos tipos de epilepsia é caracterizado por movimentos clônicos intensos.
    Até a próxima!

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